segunda-feira, 29 de março de 2010

LUTA, SUBSTANTIVO FEMININO

Foi Lançado no dia 25 de março esse livro, que trás a história de 45 mulheres mortas pela ditadura, e o relato de 27 sobreviventes...

São histórias de terror, não existem adjetivos, por isso, abaixo alguns trechos para entendermos do que se trata essa importante obra, para nunca esquecermos o que foi a luta das mulheres por direitos e democracia

”Eu sabia que estava com um cheiro de suor, de sangue, de leite azedo. Ele [delegado Fleury] ria, zombava do cheiro horrível e mexia em seu sexo por cima da calça com olhar de louco.” De Rose Nogueira, jornalista em São Paulo. Da ALN, foi presa em 1969, semanas depois de dar à luz.

“No quinto dia, depois de muito choque, pau de arara, ameaça de estupro e insultos, abortei. Quando melhorei, voltaram a me torturar.” De Izabel Fávero, professora de administração em Recife. Da VAR-Palmares, foi presa em 1970.

“Eu passei muito mal, comecei a vomitar, gritar. O torturador perguntou: “Como está?”. E o médico: “Tá mais ou menos, mas aguenta”. E eles desceram comigo de novo.”   De Dulce Chaves Pandolfi, professora da FGV-Rio. Da ALN, foi presa em 1970 e serviu de “cobaia” para aulas de tortura.

“Eu não conseguia ficar em pé nem sentada. As baratas começaram a me roer. Só pude tirar o sutiã e tapar a boca e os ouvidos.”  De Hecilda Fontelles Veiga, professora da Universidade Federal do Pará. Da AP, foi presa em 1971, no quinto mês de gravidez.

“Eu era jogada, nua e encapuzada, como se fosse uma peteca, de mão em mão. Com os tapas e choques elétricos, perdi dentes e todas as minhas obturações.” De Marise Egger-Moellwald, socióloga, mora em São Paulo. Do então PCB, foi presa em 1975. Ainda amamentava seu filho.

“Eu estava arrebentada, o torturador me tirou do pau de arara. Não me aguentava em pé, caí no chão. Nesse momento, fui estuprada.”  De Gilze Cosenza, assistente social aposentada de Belo Horizonte. Da AP, foi presa em 1969. Sua filha tinha quatro meses.

Um comentário:

Tatiana Oliveira disse...

Chocante. Aborto legal, público e seguro, com limite de tempo e por decisão da mulher não pode. Maaaas em razão de tortura o Estado brasileiro já avalizou.

Até na tortura há recorte de gênero, já que com as mulheres a violência sexual é usada como técnica preferencial.