terça-feira, 10 de maio de 2011

A arte de insultar os outros

*Por Caroline Bernardo

A maioria dos comediantes, principalmente os de stand up, se utilizam das diferenças entre as pessoas para ganhar fama e fazer piada. Se você não está entendendo o que estou dizendo é simples: a moda agora entre os comediantes mais famosos é ser politicamente incorreto. Uma pessoa como Rafinha Bastos, Danilo Gentili e muitos outros tem seus roteiros de show de stand up baseados nos principais problemas sociais e principais precipícios que há nas relações sociais.

Ir a um show desses e achar graça demonstra o que a sociedade realmente acha sobre gordos, negros, homossexuais, pessoas com alguma deficiência. Isso significa que o roteiro desses artistas é baseado em preconceitos que a sociedade finge que são inexistentes, mais a verdade é bem distante disso são piadas: homofônicas, machistas, xenofóbicas, com intolerância religiosa. Tradução = ao que me parece ser politicamente incorreto é a moda e fingir que esses preconceitos não passam de uma simples piada e não são arraigados na sociedade é outra grande piada.

Mais dessa vez foi muito além da sandice original, Rafinha Bastos em um dos seus últimos shows fez apologia ao estupro. Segue algumas das frases do show:

"Homem que fez isso [estupro] não merece cadeia, merece um abraço."
"Tá reclamando do quê? Deveria dar graças a Deus. Isso pra você não foi um crime, e sim uma oportunidade."

Aparentemente, apenas ele achou graça da piada em relação ao estupro no show e, aparentemente, somente ele não entende a violência que principalmente as mulheres sofrem com o abuso sexual. Ele gostaria de ser estuprado? Ele acharia que se um cara o estuprasse deveria levar um abraço? Ou se alguém estuprasse um filho ou filha dele?

Ridiculamente ridículo, mais parece que não é de hoje que os comediantes do stand up costumam fazer apologia ao estupro, em 10 de novembro de 2009 um ator global/malhação e comediante-Murilo Couto disse a seguinte frase pelo twitter: "Apagão de ontem: quem não estuprou ninguém perdeu a chance" (referindo-se ao apagão de São Paulo). Na época ele sofreu severas retaliações da grande mídia, mas porque o Rafinha Bastos não pagou o mesmo preço de propaganda negativa quanto a sua imagem? Simplesmente porque ele acaba de ser eleito pelo jornal norte-americano The New York Times como o homem mais influente do mundo no Twitter.

Digo somente que a arte de insultar os outros não deveria dar dinheiro a ninguém e enaltecer crimes como o estupro deveria ter, pelo menos, uma sanção financeira. Absurdo!

Maiores informações em:

*Caroline Bernardo, estudante de Direito da UFPA, Diretora de Mulheres pelo campo de OPOSIÇÃO do DCE- Ufpa. http://carolinebernardo.blogspot.com/

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