segunda-feira, 21 de maio de 2012

Nota de repúdio à violência sexista no município de Queimadas na Paraíba

        

Nós, da Marcha Mundial de Mulheres, conscientes de que é preciso mudar o mundo e a vida das mulheres, expressamos toda nossa indignação com o caso de violência machista e sexista ocorrido no município de Queimadas no estado da Paraíba. O estupro coletivo de cinco mulheres, sendo duas delas, assassinadas brutalmente por dez homens durante uma festa realizada por eles com o intuito de “presentear” o aniversariante com o estupro dessas mulheres,” foi um episódio revoltante, que não encontra em nosso vocabulário uma palavra capaz de traduzi-lo. Este revelou o cúmulo da objetificaçao da mulher, considerada um objeto descartável, ou seja: as mulheres perderam a condição de seres humanas. este crime bárbaro precisa ser punido com todo rigor da lei.” . Este e outros crimes como de Elisa Samudio, Márcia Nakagina são exemplos que assustam pelo nível de crueldade e banalização da violência.

Por isto, denunciamos essa violência como resultado de uma sociedade machista e patriarcal e misógina, onde o corpo e a vida das mulheres são vistos como um elemento a ser dominado. Neste sentido, sempre reforçamos: é preciso mudar o mundo para que a vida das mulheres mude, para que as mulheres não sofram mais as conseqüências desse modelo de sociedade machista e patriarcal onde suas vidas são ceifadas pela violência sexista e tratadas como mercadoria e presente.

Não cansaremos na denúncia e cobrança por justiça, pois atos como estes não serão aceitos pela sociedade, para que a igualdade e liberdade permeiem a vida das mulheres em sua plenitude. Neste contexto, dizemos não à ameaça dos que querem calar o grito das mulheres de Queimadas por justiça. Se ainda existem casos abafados de violência contra as mulheres neste município paraibano, que seja investigado incansavelmente e determinado as devidas punições dos criminosos que aterrorizam a vida das mulheres, para que nenhuma mulher venha a sofrer a dor provocada pelo machismo, nem seja estuprada, nem assassinada.

Não basta apenas constatar que este caso foi um caso de violência na sociedade paraibana e sim é preciso reconhecer que este é um crime cometido pelo machismo instalado por este modelo de sociedade capitalista e patriarcal vigente. Quando dizemos que o machismo mata, vai além de palavra de ordem ou teorias, mais uma realidade onde os crimes de ódio e a banalização da violência têm sido uma triste marca , o que coloca o Brasil em 12 lugar de pais em números de assassinatos .
Até abril deste ano, já foram assassinadas 41 mulheres na Paraíba sendo 26 por crimes machistas e sexistas e 15 por suposto envolvimento com drogas é devido a essa realidade que se faz necessário e urgente, que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da violência contra a mulher dê uma atenção especial a Paraíba e para o caso de Queimadas, pois a omissão do estado compromete a segurança das mulheres.

Este é um momento importante para denunciarmos todas as formas de violências feitas às mulheres, o tráfico de mulheres e meninas, as violências físicas, morais e psicológicas, o assédio sexual, o estupro, como formas de exercer o poder de sexo, classe e raça sobre o corpo e a autonomia da vida das mulheres, como também, o fim da impunidade de todos esses criminosos.

Também denunciamos as violências já naturalizadas na nossa sociedade, como a tripla jornada de trabalho diários das mulheres, seus empregos precarizados, a invisibilidade do trabalho doméstico no campo e na cidade, a diminuição de investimentos em políticas publicas pelo Estado e em equipamentos sociais que garantam às mulheres creches de qualidade, cozinhas comunitárias, lavanderias públicas, o que resulta na utilização da mão-de-obra de outras mulheres no trabalho doméstico e de cuidados.

É importante reforçarmos e cobrarmos, que os mecanismos de políticas para às mulheres sejam prioridades nos orçamentos precários e vergonhosos das políticas sociais, e que se tornem de Estado no enfrentamento e combate às violências sofridas pelas mulheres, para que facilite na transição da transformação da estrutura socioeconômica - cultural machista, lesbofóbica, racista e patriarcal vigente.

Queremos um mundo onde as mulheres e os homens sejam livres em seus direitos, que só é possível pelas vias da igualdade, permitindo que as mulheres rumem ao exercício pleno de sua autonomia pessoal, social, política, econômica, cultural e sexual.

Nos identificamos e reconhecemos na historia da humanidade, os esforços de todas as mulheres do mundo na luta contra a violência sexista que é também uma violência de classe, onde os mais ricos exercem sobre as mais pobres seu poder de dominação e exploração.

A opressão e exploração sofrida por cada mulher, interessa a todas nós. Por um mundo sem violência contras as mulheres!

SEGUIREMOS EM MARCHA ATÉ QUE TODAS SEJAMOS LIVRES!

São Paulo, 24 de abril de 2012.

NºORD. ORGANIZAÇÕES QUE APOIAM 

001- Marcha Mundial das Mulheres 
002- Assembléia Popular na Paraíba 
003- Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB 
004- Frente Paraibana em defesa da Terra, dos Povos e das Águas do Nordeste 
005- SINTEF 
006- Consulta Popular 
007- Comissão Pastoral da Terra – CPT 
008- Programa Escola Zé Peão - SINTRICON – UFPB 
009- SINTRICON 
010- Movimento dos Sem Terra - MST 
011- ARCIDE – Ação pelo Respeito e Cidadania da Diversidade 
012- Associação de Cultura e Rock do Sertão - ACRS/PB 
013- Grupo de Mulheres Lésbicas Maria Quiteria 
014- Centro Comunitário Bom José – Pastoral do Menor 
015- LEPEL /PB 
016- Rede de Educação Cidadã – RECID 
017- ADESPVIDA 
018- Levante Popular da Juventude 
019- Movimento dos Trabalhadores Desempregados – MTD 
020- Movimento Negro de Sape 
021- Movimento do Espírito Lilás – MEL 
022- Fórum de Juventude de Sape 
023- Mulheres de Mãos Dadas 
024- Movimento das Comunidades Populares – MCP/UJP 
025- Assoc. Paraibana dos Portadores de Anemias Hereditárias – ASPPAH 
026- Fórum Paraibano de Promoção da Igualdade Racial – FOPPIR 
027- Sindicato dos Trabalhadores Rurais 
028- Tribunal Popular da Terra 
029- Dgnitatis 
030- Rede Nacional de Advogados Populares/PB 
031- Associação Santos Dias 
032- SINTER – PB 
033- Fórum em Defesa da Agricultura Familiar e Reforma Agrária 
034- Movimentos dos Pequenos Agricultores – MPA 
035- CAPS Caminhar/Associação Caminhando 
036- INTECAB/PB 
037- Casa de Mulheres Renasce Companheiras 
038- Associação de Deficientes e Familiares – ASDEF 
039- JPT/Mulheres e LGBT 
040- Fórum Estadual em Defesa do SUS e Contra as Privatizações 
041- Grupo Flor Flor Estudos de Gênero – UEPB 
042- Associação Brasileira de Rádios Comunitárias – ABRAÇO – PB 
043- Rede Afro/Movimento LGBT 
044- Terra Livre – Movimento Popular do Campo e da Cidade 
045- Fórum Estadual LGBT 
046- Pastoral Afro 
047- Sindicato das Trabalhadoras Domesticas 
048- CRESS/PB 
049- GAPEV – Grupo de Ação Pela Vida 
050- CEMAR – Centro de Educação Integral Margarida Pereira da Silva 
051- GVP – Gayrreiros do Vale do Paraíba 
052- PJR/RJNE 
053- Associação Comunitária Casa Branca 
054- Comunidade Santa Clara – Castelo Branco 
055- ACIS/ Pastoral da Criança e Grupo de Mulheres Com. Gervasio Maia 
056- SMS/SP 
057- Sindicato dos Aeroviários – PB 
058- OCA de Pia Aborigine 
059- RNAJVHA 
060- Associação de Mulheres (AMUPAVIM) 
061- CPCC – Centro Popular de Cultura e Comunicação 
062- Centro de Referencia e Direitos Humanos da UFPB 
063- Associação Comunitária do Conjunto Tibiri I 
064- União da Juventude Comunista 
065- UFPB/PRAC 
066- Movimento Estudantil 
067- MNCP 
068- Centro Popular de Cultura e Comunicação 
069- CA de Arquitetura e Urbanismo 
070- Associação Paraibana dos Amigos da Natureza – APAN 
071- ADUF/PB 
072- AMAZONA – Associação de Prevenção a Aids 
073- Centro de Ação Cultural – CENTRAC 
074- BAMIDELE – Organização das Mulheres Negras da Paraíba 
075- unha Coletivo Feminista 
076- Instituto Marista da Solidariedade 
077- MAC- Movimento de Adolescentes e Crianças 
078- Pastorais Sociais 
079- Pastoral da Aids 
080- Movimento Organizado da Paraíba 
081- Grupo de Juventude – Gramame 
082- Mandato Popular Dep. Frei Anastácio 
083- Movimento dos Trabalhadores Desempregados – MTD 
084- Movimento dos Pequenos Agricultores 
085- Marcha da Maconha 
086- Mulheres de Terreiro 
087- Pastoral do Menor 
088- Fórum Estadual de ECOSOL 
089- Fundação de Direitos Margarida Maria Alves 
090- Mandato Popular Dep. Luis Couto 
091- GAPEU 
092- Sindicato das Trabalhadoras Domesticas 
093- Associação Comunitária Santa Marta 
094- Espaço Múltiplo 
095- Missão de Desenvolvimento Social – MDS 
096- Coletivo de Mulheres do Campo e da Cidade 
097- Grupo de Mulheres Comunidade Gervasio Maia 
098- Centro Cultural de Valorização das Tradições Afro – brasileira 
099- Fórum Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente – Fórum DCA 
100- PSOL 
101- SOF- Sempreviva Organização feminista 
102- REF - Rede Feminismo e Economia 
103- Mulheres do PT

Fonte: MMM-PB 

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